Olá! Já falta pouco para a primeira edição do nosso jornal, que vai sair perto do Carnaval. Aqui fica um dos textos relacionados com esta quadra festiva, a época em que ninguém leva a mal! Então vamos fazer uma viagem ao futuro e sonhar com o dia 24 de Fevereiro...
P.S. A história foi escrita pela Madalena.
Baile de Máscaras
Era noite de festa. Máscaras e mascarilhas de todo o feitio dançavam aos pares há já um bom tempo, embora não o saiba definir, devido à alegria que contagiava tudo e todos e que pairava no ar. Era noite de festa. Noite de animação. A perfeita altura para começar namoricos e para conquistar a sua alma gémea. Eu ia pelo mesmo caminho, dividida entre um fantástico gato de bigodes farfalhudos e um príncipe de Veneza na forma de sapo gorducho. Quem era eu? Eu era a dama de honra, a anfitriã da casa. Também eu dançava, ora com um ora com outro, de bochechas ruborizadas, nem sei se da dança ou se da felicidade intensa. Mas eu tinha a obrigação de abrir o baile, o que já acontecera, e também de atender todas as máscaras e, no fim, de eleger a melhor e mais encantadora.
Ora estava eu à porta recebendo todas as máscaras convidadas quando aparece aquela que seria o meu par até ao fim da festa, já na manhã do dia seguinte. Era um rato de fato e gravata e com ar extremamente presunçoso. Nunca ouviste dizer que é mau é de que mais gostamos (embora depois eu percebesse que ele não o era)? Pois foi exactamente a situação. Sir John Scott, como pomposamente se chamava, gostava imenso de se exibir e de se mostrar, sendo um ser extremamente presunçoso. Devo dizer que eu era um bocadinho preguiçosa e convencida, mas era bondosa e penso que todos da terra gostavam de mim. Bem sei que era rica e que não trabalhava, mas gostavam logo de mim só por no Carnaval organizar aquele grande baile e aquela grande festa. Eu, embora apelasse à diversificação de disfarces, usava sempre o mesmo (com uns ajustes quando estava gorda demais). Mascarava-me de ratinha amorosa e boa mãe (embora não tivesse filhos) e era assim que conquistava tudo e todos. Ainda por cima era solteirona (já não sou!)…
Sir John ficou encantado comigo. Logo que chegaram todas as máscaras convidou-me para uma dança. E eu lá fui, esquecendo por completo o gato e o sapo, que neste momento já me pareciam completamente horríveis e horrendos. Acho que gostei logo dele, embora não tenha a certeza (mas certeza tenho que agora gosto!). Devo dizer que me surpreendi com as suas qualidades, e os seus defeitos nem se atreveram a entrar no meu coração. Ah! Boa noite, essa… Dançámos toda a noite, sem parar uma única vez, e as minhas bochechas estavam ruborizadas de tanto dançar. Quando soaram as 12 badaladas Sir John sorriu para mim e foi aí que eu percebi que as máscaras não interessavam. Por isso quando ele me sugeriu que ficássemos juntos, nem senti vergonha ou medo ao perguntar se podíamos viver sem tirar as máscaras. E a sua resposta saiu prontamente, de forma carinhosa:
- Claro que sim, minha princesa!
E nos próximos anos, sempre que era Carnaval, eu tinha o meu marido rato, mesmo na realidade, a meu lado, recebendo as outras máscaras. É verdade! Eu também era (e sou!) uma ratinha e claro que o meu futuro marido foi o vencedor do prémio da “Grande Máscara”.
Maria Rama, a rata
24/02/2009